No centro do Isolamento
Sexta-feira, 24 de Março de 2006
Turvo
Já não escrevo em mim
Outras razões que não a mesma
Já nem sei se olho com a mesma clareza
Tão turvo que se tornou meu fim
Não penso sequer
Em passado nem futuro
Apenas num espelho baço
Vislumbre de claro e de escuro
Bailo antes contigo e em ti
Numa torrente de suor que inflama
Tua mente e a minha na ilusão louca
De palavras que de ti saem
E que tento calar com minha boca...
Domingo, 12 de Março de 2006
Turbilhão de nada
Vivem-se dias de confusão
Onde não há mundo que não se desfaça
Onde a certeza se constrói em solo movediço
E se vai perdendo afundada
Num endurecer de enguiço
Em todo um turbilhão de nada.
Assim se monta e desmonta
Um coração em mil andaimes
Seguro sobre uns e outros tantos
Fonemas e idiomas distantes
Perpetuando-se o teatro de desencantos
Em olhares que se procuram por instantes