No centro do Isolamento
Domingo, 26 de Fevereiro de 2006
iguarias
Mostraste-me, meu amor
O teu corpo em iguarias
Tantas como as vezes que me sorris.
No frio de uma noite que depressa finda
Enrodilhámos nossos corpos num desespero de despedida
E depressa se ergueu um Sol de espera
De dias infindáveis que vão para além do seu pôr
Para que a coberto de uma noite de cumplicidade
Te volte a olhar a alma, meu amor
Sábado, 18 de Fevereiro de 2006
A QUÍMICA E A FÍSICA DOS PENSAMENTOS
Assusta-me o bailar dos químicos
Das proteínas e dos átomos
Ácidos e anti-eméticos
Toda uma música de acaso.
Assustam-me os impulsos eléctricos
O fluxo de iões
Os abraços dos neurónios
As digitações dos axónios
Assustam-me as hormonas
E a corrente sanguínea
ASSUSTAM-ME A QUÍMICA E A FÍSICA DOS PENSAMENTOS
A biologia dos sentimentos
Tão diminuídos e ocasionais que são
Que nenhuma alma existe
Se não nas moléculas que falam à sorte
Quando se tocam por momentos
Segunda-feira, 6 de Fevereiro de 2006
Efémera
Apercebe-se intrigada
A mente
Da velocidade do passar do anos
Que tão rápida se torna
Que se me questiona
Se o tempo chega para deixar marcas.
Os homens sucedem-se intempestivos
Entre mortos e nascidos
Desde novos condenados
A um tempo a cada hora minguante
Que limita o abrir das asas.
E passa e se esgota o tempo
Sem eu ver nada de novo de mim em outros
Se não a escrita cutânea dos dias
Tão impiedosa quanto bela
E com ela efémera nos tornamos
Se nada cravarmos na mente dos homens...