No centro do Isolamento
Quinta-feira, 29 de Dezembro de 2005
#83-05
Sucedem-se dias e anos alheios a mim
Permanecem os mesmos sorrisos
Em pessoas que se sucedem
Permanece a sede um isolamento contente
De quem se ri em companhia de uma classe
Ela própria demente
Ao suceder das horas do dia.
Sobra um mundo entregue a mim
Guardião de respostas efémeras
Daquelas que se emprestam e se esquecem
Esmola que alguém me dá
Que me vai alimentando
A pouca coisa que em mim acontece.
Sábado, 17 de Dezembro de 2005
#83
Não fala este mundo comigo faz hoje muitos dias
Nem sei sequer se alguma vez falou
Falam antes pássaros que só eu entendo
Gente que não toco
Só oiço
E apenas me ficam lábios e mãos
Estéreis e sós
Surgem-me figuras que pensava minhas
Mas são sombras de ilusão
São espectros irónicos
Fantasmas de solidão
De um isolamento puro em sentimento
Não de carne nem razão.
São de loucura
- Meu amor
Por onde andas?
São de espera
Sexta-feira, 9 de Dezembro de 2005
(...)
Sabem meus dedos gelados
Nestas madrugadas frias
Quão quente poderia
Ser este meu leito só
Entretanto jaz meu corpo
Penumbra fora
Isolado
Rosto o meu, amordaçado
De uma solidão que não se espreita.
Sabem os dias e as noites
Quão fugazes parecem
Que quase nem se contam
As que sem ti perdi
Escrevem antes por mim rugas
De um tempo minguante
Que se esgota em cada instante
Que não te tenho por aqui
.