No centro do Isolamento
Domingo, 21 de Agosto de 2005
[Encardido]
Fico encardido de um sorriso que já não vejo
Esse que me vens escondendo nos dias que passamos
Esse que guardas para alguém e que julgava meu
Como o que eu mostrava só para ti
E que sabias só teu.
Só sinto a fome desse olhar que me reservavas
Agora não o verei mais exposto a mim
O meu, esse fica guardado nas profundezas do meu rosto
Adormecerá connosco.
Terça-feira, 9 de Agosto de 2005
(Deixa-me morrer sobre ti)
Do teu rosto elevam-se penhascos
Em belos insultos de vertigem
Sobre uma paisagem que me envolve no húmus quente
Como se crescesse em teu ventre
Deixa-me morrer sobre ti
Em prantos calmos e aguados
Sobre teu corpo de montanhas e vales aconchegados
Morrer em teus beijos e toques sábios
Numa morte que me ampare
Enquanto desfaleço sobre os teus lábios.