No centro do Isolamento
Sábado, 25 de Junho de 2005
THEATRUM
Não esqueço
Não sinto entretanto
Se acabará meu pranto
E a solidão
Este castigo, que se calhar mereço.
Os dias são gumes
Que talham a minha face que envelhece
Cada amor que me escapa
Cada acto que de mim aparece.
Sobre mim
(Actor confuso
De personagem ambígua
De gestos repetidos em extremos)
Nada sobra para quem aplaude
Pois de choro e riso já se enchem os demais
Ficam fartos de tantos espectáculos iguais
Terça-feira, 21 de Junho de 2005
não te voltes
Não te voltes, meu amor
Que eu mudo.
Não olhes, meu amor
Que inclino o pescoço
E a alma
Não te vires, meu amor
Que estou nu
E me visto.
Não digas nada, meu amor
Que não mais falo
Deixa-te ficar, meu amor
Que te abraço
Te envolvo.
Dorme agora, meu amor
Adormece em mim
Quarta-feira, 15 de Junho de 2005
...
Foto tirada por Artaud
Segunda-feira, 13 de Junho de 2005
...
[Não me ouvem
Já não chamam por mim
Nem dão razão aos sons que julgo escutar
São restritos, sozinhos comigo
Não dizem palavras que se articulem
Nos movimentos da boca
Não fazem sentido a ninguém
Só eu os oiço.
Não reconhecem as sombras que vejo
E riem-se
Da solidão de um grito mudo que me sufoca.
Não
Não grito
Já não vale a pena
Resigno-me a esta mortalha que me envolve
Não morro
não morro
]
Sábado, 11 de Junho de 2005
Sentenças...
Já não me reconheço
A cada acto que se me enfurece
A cada ódio que comigo adormece.