No centro do Isolamento
Sábado, 5 de Março de 2005
Calvária
Quem foi que falou por aqui?
Que olhar vidrou nestas orbitas vazias?
Quantos beijos, quantos suspiros surgiram
Por estas janelas minerais?
Que alma foste e que vias
Quantos amores te prenderam
O sorriso eterno e os demais
Sentimentos que te habitaram?
Serias terno ser ou então apenas
Mais um que entre os normais
Se empoeirou com a morte.
Neste molde de pedra
Fica o vazio
O ar que surge em cada corte
Sobre este leito onde restas frio.
Ninguém olha
Ninguém lembra tão má sorte
Ser-se instrumento inanimado
De ciência
Do saber acumulado
Que nada impede o desnorte
De lembrar que sentidos e sensações
Não passam de pó adiado.
Terça-feira, 1 de Março de 2005
Dias de Fim, Noites de que me esqueço... (Parte 6)
VI
(...)
Tento eu versicular meu desespero
Cúmplice e fiel companheiro
O único com quem acordo
Do sono que não descansa
Deste descanso passageiro
Onde só em sonhos me amansa.