No centro do Isolamento
Quinta-feira, 24 de Fevereiro de 2005
Dias de Fim, Noites de que me esqueço... (Partes 4e 5)
IV
Nasceu em desejo impuro
Alterno
Indigente
O sentimento que de aparente
Só tem o carimbo eterno.
E quantos de nós não amam
Quantos de nós não sucumbem
Em poses de morte que deslumbrem
Os felizes que por aqui andam.
V
A noite vai longa
Surge a chuva que tanto tardava
Nem penso sequer que a água
Alimente o rio que em mim secava.
Só tu
Só tu e os outros que festejam a chuva
Poderão sorrir amanhã.
Meu leito desviado
Qual pouco sangue sugado
Não chegará de manhã.
Que cresçam outros então
Que me substituam a mim
Alma perdida, escriba só neste serão
A contar os dias do fim.
Terça-feira, 22 de Fevereiro de 2005
Dias de fim, Noites de que me esqueço... (Parte 2 e 3)
II
Nascem outros dias
Felizes uns, tristes outros
Tão bipolares quanto eu.
Azuis, claros, luminosos
Nublados sob o céu
Esquecidos desde cedo
Estranhos
Inconstantes
Momentos perdidos no começo
Noites de que me esqueço
No suceder dos instantes.
III
Ode clamorosa e divina
Hino moroso e pleno
Que me deixas em surdina
Qual serpente que encanta
O corpo que alucina
Na agonia do veneno.
Frases homéricas que soltam meus lábios
Dedos que falam aqui
De um olhar que lacrimeja
Sempre que falo de ti.
Sábado, 19 de Fevereiro de 2005
Dias de Fim, Noites de que me esqueço
I
Onde estamos tu e eu?
Onde? Em que lugar nos quedamos perdidos
Intransigentes
Mal entendidos?
Nem sei que sentes
Nem teus braços estendidos
Nem sombras nem gentes
Te explicam
Me esclarecem a mim
Este rodopiar de desencontros
Em dias de fim.
Separados?
Nunca
Talvez só um pouco
Ou nada ou sempre
Nunca mais!
Talvez amanhã
Talvez hoje.
Deslizes de amor diferente
Que tanto me abraça como me foge.
Terça-feira, 8 de Fevereiro de 2005
Poemas imperfeitos
Os dias passam
E a meu ver
Nada muda, nada é novo aqui.
Estou farto do mesmo céu
Apetecia-me queimar tudo meu.
Desperdiço meu tempo
Mais um momento que passa
E a perder
Nem sexo nem nada
Já não sou o homem interessante
Que costumava ser.
Degrada-se a importância
Com esta desaparição.
Fundido estou com estas almas normais
Pobres espíritos
Felizes, que estais no Céu.
Já estou farto, estou-me a perder.
Já não sou o homem interessante
Que costumava ser.