No centro do Isolamento
Quarta-feira, 20 de Outubro de 2004
Anjo Negro
Sopra o vento
A chuva doida que me embala os dias
Caem dos tectos de minhalma
Gotas suaves
Tuas
Que antes fossem lágrimas
Que suor de calor ausente.
Não me surges nunca
Anjo negro
Sombra ao longe sob a Arcádia
De poder na mão
Licença sobre meu corpo
E minha vida
E eu aqui
Por mim desamparado
Sozinho
Espero por ti
Anjo negro em meu caminho
A este mundo destinado
Não adiantam lágrimas minhas
São águas vãs em chão molhado
Segunda-feira, 11 de Outubro de 2004
Apatia
I
Queixa-se um corpo patético
Da sua algazarra triste.
Já não escreve
Mas já dorme
Apático.
Mar calmo
Outrora revolto
Agora seco
A salgar a brisa a cidades perdidas
Não tenho rio nem chuva que me agite
A película de sal adormecida
II
Só me restam lembranças em vagas vãs
Sopros infrutíferos
Que nada mexem
Que nada trazem
A um lago de mente impura
Praia inocente
Frias manhãs
Em vil brandura
A morrer de areia
Sobre um leito de quentura