No centro do Isolamento
Quinta-feira, 29 de Janeiro de 2004
Fábula de Café

Nunca julgo almas


Se elas fazem como eu


Não é imitando os outros


Que mostram aquilo que é seu


E vejo-me no paradoxo


De enrolar de cantiga


A condição que me intriga


E o que o povo faz nosso


Como cães que se matam pelo osso.


Se ainda fosse por prata


Tanta iniquidade


Valeria vender a verdade


Ao preço do pastel de nata



publicado por V. Pimenta às 11:56
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Portas Abertas
O meu corpo padece
De uma vontade intrínseca
Que me mantenha acordado
No entanto ando cansado
E a minha mente apodrece
É mais alívio que consolo.
Faço uma vida de tolo
A que ninguém dá valor
E vou sacrificando o amor
Em teimosias de parolo.
Se Braga me fosse fácil
E tivesse tudo o que queria
Aborreciam-me as ofertas
Aproveitava as portas abertas
E precocemente fugiria


publicado por V. Pimenta às 10:20
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Quarta-feira, 28 de Janeiro de 2004
Pêndulo Humano

Vivo suspenso no breu


Vazio de sons e de estímulos


Só o peso da gravidade


A tensão do fio que me segura


Se ténue ou perenemente.


Nem mesmo a certeza da queda


Nem voz


Nem murmúrio que faça eco


Nada que me deixe enxergar o tamanho do nada


Só mesmo os músculos da face


Que a rasgam em sorriso.


O único sarcasmo que me concede a vida


Já que sou parco em lágrimas


 


É inútil o choro convulso ou sereno


Quando o gotejar é inaudível


Ou o abismo é profundo


Ou fomos encerrados na surdez.



publicado por V. Pimenta às 11:10
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Senhores de Tudo

Rudes e simples vidas


Em vales de pinheiros e colmo


Muralhas anãs de granito e musgo


Retalhando feudalismos e escravidão


O amor genealógico da submissão


A senhores de preguiça. falsos Midas.


Basta-lhes a atenção


Em dias de festa e romarias


Que os meninos e suas tias


Lhes dêem uma côdea de pão


                       


Quão ingénuo é o povo


Que se deixa castigar amordaçado


Quando não é novo


O frágil chicote hierarquizado.


Basta erguer uma mão


A que segura a enxada


Que os da vida flauteada


Logo se prostrarão


 



publicado por V. Pimenta às 10:49
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Terça-feira, 27 de Janeiro de 2004
Tâmega

Image19.jpg


Pena-me a hora desinspirada


Em que resolvi cantar-te


E fui destruindo a arte


Em cada palavra pensada.


Artéria principal em ribeiros metastizada


Sinónimo de fronteira forçada


A quatro povos irmãos


Com mesmo cansaço nas mãos


Os mesmos rostos e medos


O mesmo manjar sobre a mesa


A mesma alegria e tristeza


Por te fazer chegar aos vinhedos



publicado por V. Pimenta às 16:37
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Longas caminhadas

Longas caminhadas


Contam as minhas pernas


Pois a noite foi farta em tempo.


Se as trevas são meu alimento,


Ou o orvalho sobre as ervas,


Quedo-me por aqui


Pois a manhã nunca é minha


Sou dela mamífero ibernento.


Recuso a aurora como começo,


Vendo-a como fim da jornada


Pois até lá galguei a estrada


Em busca do insossego


Que não me deixa ser normal


Pois a enxada laboral


Cobre-me as mãos de calos.


Quem me dera poder tratá-los


E deixar-me dormir como toda a gente


Mas se quero ser diferente


Tenho de despertar enquanto eles adormecem



publicado por V. Pimenta às 16:27
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...
Triste melancolia a do álcool
Bafo de desespero e desencanto
Mas não posso recusar entretando
Pois só ele me desculpa palavras.
Néctar libertador
Que faz tremer qualquer ditador
Fazendo jorrar como vómitos
Modos que não queríamos nossos


publicado por V. Pimenta às 16:14
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